quinta-feira, 4 de maio de 2017

A piada do judiciário.

Dezenove de fevereiro de 2014.
Um advogado é contratado para auxiliar a acusação.
O caso é sério pois o crime foi cometido com detalhes de quem conhecia a vítima.
O assalto foi executado com informações especiais sobre as vitimas que orientavam os criminosos onde e como obteriam mais lucro.
No mínimo o bando era composto de 4 meliantes. 2 teriam rendido as vitimas, 1 aguardava no canteiro central e o último não saiu do carro.
Mais ou menos um mês após o ocorrido a 42 DP convoca as vitimas para reconhecimento fotográfico.
Algum tempo depois o processo criminal é aberto com a prisão de 02 (dois) acusados.
Após três anos a primeira audiência.
O advogado chega ao Fórum Central acompanhado das vitimas, porém com pequeno atraso por causa da loucura do transito de veículos ao entorno do prédio.
Corre a frente e chega a sala de audiências da 41 Vara Criminal da Capital, minutos antes dos seus clientes.
Pede a palavra e é atendido pela secretária da juíza.
A ela informa que as vitimas já estão no prédio porem em passo mais lento e pede que a audiência ocorra sem a presença dos acusados. Informa que as vitimas temem por suas vidas e mesmo bem estar.
O pedido é aceito, antes que o advogado deixe o corredor, ao se virar e começar a caminhar em direção do corredor de acesso onde as vitimas marcaram o encontro, o advogado fica cara a cara com um dos acusados.
Ele tinha acabo de solto cumprindo ditames legais. O acusado e o advogado se reconheceram. Não eram estranhos. Olho no olho o acusado pergunta:
- Tudo bem doutor?
_ Tudo.
O advogado segue ao encontro dos clientes e ao encontra-los omite o fato de um estar em liberdade e tranquiliza com a informação de que os acusados não estariam frente a frente com eles.
A primeira vitima é ouvida e afirma não poder fazer reconhecimento pois sua visão está muito debilitada em virtude de doença.
Após o depoimento da primeira vitima e antes de iniciar da segunda a juíza decide fazer o reconhecimento em sala especial para tanto no quinto andar.
Dinâmica de filme.
Passam os acusados por corredores internos e em separado. Depois passam as vítimas,  aproveitam-se vãos e saletas para ocultar um e outro e uns e outros.
Policiais Militares escoltando todos.
A vitima com deficiência visual fica no quarto andar onde a audiência foi interrompida para reconhecimento. Sentado no corredor interno de acesso.
Nisso é feito o reconhecimento do primeiro acusado que ainda aguarda o julgamento preso.
Ele é retirado e ninguém vê para onde é levado.
Novamente uma manobra de corredores e salas, o acusado que esta em liberdade é colocado mas a vitima não consegue dar certeza de sua participação.
O reconhecimento é encerrado sem muito cerimônia pois a sala de reconhecimento fica ao lado do Oitavo Juizado Especial.
O advogado mal acredita no que vê, mas é verdade. Presos de alta periculosidade ao lado de cidadãos de bem e seu burburinho comum a uma pequena multidão que ali aguardava audiência.
Vida que segue policiais por todos os lados para garantir o ato que ao ser encerrado, retorna ao quarto andar para dar continuidade .
Portas se fecham antes de outras se abrirem, e novamente parece cenário de filme.
Magistrada, advogado e vitima, nesta ordem pelo corredor interno chegam ao ultimo seguimento do corredor antes da sala de audiência.
Ali estavam sentados, a vitima com deficiência visual e o acusado preso. Lado a lado. Sentados calmamente.
A magistrada para e fala com a promotora e o advogado novamente fica frente a frente com o acusado, desta vez com o acusado preso, que ao bater os olhos no advogado levanta-se com presa e é contido por um policial militar que se assustou com o ato.
A magistrada também é surpreendida e nisso o acusado consegue ver a segunda vitima, que imediatamente entra em pânico.
Todos retirados e levados a ambientes diferentes com velocidade, mas o estrago já estava feito.
O advogado sabia que os criminosos conheciam as vitimas pois trabalha com as vitimas e viu a dinâmica do crime.
Os assaltantes sabiam que vitima tinha um cordão de ouro, mesmo o cordão estando dentro da blusa de gola alta.
Os então acusados o reconheceram.
Enquanto a sala era novamente arrumada os acusados eram retirados a vitima/testemunha era acalmada o advogado foi até a sala de audiência.
Em seu primeiro contado com a secretária exclama que é um absurdo o que havia acontecido que a vitima estava em pânico e não queria depor.
Um carnaval de entra e saí, um monte de policiais militares para garantir a segurança de todos.
Palavras de ordem dando força a vitima para prosseguir e a boa e velha esculhanbação do serviço público jogam tudo por água abaixo.
É claro que a vitima voltou a depor, por lei não poderia fazer diferente para ser sentada no banco dos réus.
Mas me diga, como é que você fala para seu cliente confiar na justiça?
Como é que você vende seu serviço, se este serviço depende de um sistema falido?
Para que exxistimos?





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